Conheça o desfibrilador externo automático – DEA

No dia 27 de outubro de 2004, o zagueiro Serginho, do São Caetano, aos 30 anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória durante uma partida contra o São Paulo no Morumbi e desabou no gramado. Aproximadamente uma hora depois, ele faleceu. Um dos fatores que contribuiu para esse trágico desfecho foi a ausência de um desfibrilador tanto no estádio quanto na ambulância presente no local.

O Desfibrilador Externo Automático (DEA) é um dispositivo elétrico que administra uma corrente contínua para aplicar um choque em uma vítima com fibrilação ventricular, visando restabelecer o ritmo e a função normais do coração. Ele aumenta as chances de sucesso em um atendimento de emergência cardíaca, especificamente em casos de fibrilação ventricular, de menos de 5% para mais de 80%. Cerca de 90% dos casos de parada cardiorrespiratória estão associados à fibrilação ventricular, e a única maneira eficaz de revertê-la é através de um choque terapêutico especial, que apenas um desfibrilador pode proporcionar. Por ser automático, o DEA pode ser operado por qualquer pessoa com treinamento. A importância desse dispositivo é tal que, a cada minuto sem desfibrilação, as chances de reversão caem em cerca de 10%.

Projetado para ser utilizado também por leigos, o DEA converte energia elétrica em um choque bifásico, entregando uma carga de 200 joules no tórax de um paciente adulto. O dispositivo possui um sistema microprocessado que realiza a leitura do ECG (eletrocardiograma) através de eletrodos adesivos colocados no tórax. Após o choque, um mecanismo de voz orienta o socorrista sobre as prioridades de atendimento, como compressões cardíacas e insuflações.

A Sociedade Brasileira e Americana de Cardiologia, bem como a Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva, recomendam o treinamento dos principais responsáveis por emergências em estabelecimentos comerciais. Segundo o protocolo da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva, pelo menos cinco socorristas devem ser treinados para cada DEA disponível.

Se houve algo positivo na morte de Serginho, foi o legado que seu caso deixou para a medicina esportiva no Brasil. Após a tragédia, o cuidado com a condição física dos atletas, os exames preventivos e as medidas para evitar e controlar problemas cardíacos se intensificaram.

Atualmente, todos os estádios possuem duas ambulâncias equipadas para emergências graves e desfibriladores disponíveis para os médicos de cada time, tanto em jogos quanto em treinos. Desde o falecimento do jogador Serginho, a presença de desfibriladores se tornou obrigatória em muitos locais.

No município de São Paulo, desde 2005, a lei obriga estabelecimentos com concentração acima de 1.000 (mil) pessoas a manter, em suas dependências um aparelho desfibrilador externo automático (DEA). Entre estes locais estão: aeroportos, shopping centers, centros empresariais, estádios de futebol, hotéis, hipermercados e supermercados, casas de espetáculos e locais de trabalho

A obrigação se estende aos estabelecimentos com concentração ou circulação média diária de 1.500 (mil e quinhentas) como: clubes e academias, as instituições financeiras e de ensino, os parques, velórios e cemitérios.

 E você, já notou a existência do DEA quando circulou por algum desses locais? E no caso de uma emergência, você se sente preparado para utilizar o DEA?

 

Fontes: LEI SP Nº 15.283, DE 28 DE SETEMBRO DE 2010, Altera a redação do art. 1º da Lei nº 13.945, de 7 de janeiro de 2005, com a redação da Lei nº 14.621, de 11 de dezembro de 2007


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Autora: Dra. Daniella Vianna Correa Krokoscz (COREN-SP 99639). Doutora em Ciências da Saúde pelo Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa. Mestre pela Escola de Enfermagem da USP. Enfermeira Especialista em Cuidados Intensivos. Enfermeira Sênior da Qualidade e Segurança do HCor. Diretora Técnica da VOCÊ Primeiros Socorros.

 

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